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Mostrando postagens de março, 2009

"No Mundo dos Livros", José Mindlin

A LEITURA COMO EXEMPLO MIDLIN, José. No Mundo dos Livros, Rio de Janeiro: Ed. Agir, 2009, 103 pág. O famoso escritor argentino JORGE LUIS BORGES dizia que sempre imaginou o paraíso como uma grande biblioteca. Acredito que para o bibliófilo e membro da Academia Brasileira de Letras, José Mindlin, essa premissa deva ser verdadeira. “No Mundo dos Livros” é uma declaração de amizade. Em ritmo de conversa, o autor nos apresenta como iniciou sua famosa biblioteca, uma das maiores da América Latina e cujo acervo referente a história do Brasil foi doado para a Universidade de São Paulo e aguarda a construção de um prédio para abrigar todos os exemplares. O autor ainda lança pequenos lampejos de sua infância e tempos de acadêmico de direito, relatando seu contato com grandes escritores da época como Monteiro Lobato. No entanto, deixa claro que seu maior interesse sempre foi pela leitura, sendo voraz o seu apetite nesse campo. Assim, desde cedo se familiarizou com os gra...

"O Cosmos de Humboldt", Gerald Helferich

A VIDA DE HUMBOLDT O COSMOS DE HUMBOLDT, Gerald Helferich, Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005, 390 pág. Em nova incursão ao sebo da cidade, localizei “O Cosmos de Humboldt”, livro que vinha garimpando a um bom tempo. Conta a história de Alexander Von Humboldt, prussiano que abandonou o conforto de uma vida luxuosa, porém sofrida na mão de sua mãe, para aventurar-se no Novo Mundo. Financiando a própria viagem, foi incumbido pela Coroa Espanhola de realizar a primeira exploração científica pelo novo continente. Sua aventura é magistralmente apresentada aos leitores por Gerald Helferich, o qual baseia suas conclusões e relatos em farta biografia sobre Humboldt, bem como nos próprios diários de viagem do mesmo. Relata com precisão o contato do naturalista com onças, jacarés e povos nativos de praticamente toda a América Espanhola. Entre os países visitados podemos citar Cuba, Venezuela, Equador, Colômbia, Peru e o México (Nova Espanha). O Brasil, infelizmente, ficou de fora do seu...

"Geração do Deserto", Guido Wilmar Sassi

A SAGA DOS PELADOS Cristian Luis Hruschka GERAÇÃO DO DESERTO, Guido Wilmar Sassi, Porto Alegre: Ed. Movimento, 1982, 175 pág. Em nova incursão ao sebo (garimpando, garimpando…), encontrei uma pérola da literatura catarinense. Escrito por Guido Wilmar Sassi (1922/2003), e tendo sua primeira edição em 1964, “Geração do Deserto” se apresenta como uma das mais importantes obras de nosso cenário literário. De forma romanceada, o autor aborda na narrativa a conhecida Guerra do Contestado, evento ocorrido entre 1912 e 1916, envolvendo aproximadamente 20 mil caboclos (pelados), contra as forças constituídas do Governo Federal e Estadual (peludos). A batalha recebeu esse nome por ter sido travada na região de disputa territorial entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, sendo que cidades como Caçador, Lages e Canoinhas (SC), ainda guardam vestígios do conflito. Com linguagem regionalista e objetiva, o autor nos apresenta a personagens como Boca Rica, Mané Rengo, Liveira, Rica...

"O Alienista", Machado de Assis

O ALIENISTA EM QUADRINHOS Cristian Luis Hruschka O ALIENISTA, Machado de Assis, adaptado por César Lobo (arte) e Luiz Antonio Aguiar (roteiro), São Paulo: Ática, 2008, 72 pág. (Clássicos Brasileiros em HQ). “A loucura, objeto de meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente”. (Machado de Assis, “O Alienista”). O ano que passou foi considerado o “Ano de Machado de Assis”, homenagem ao escritor brasileiro por força do centenário de sua morte ocorrida em 29 de setembro de 1908. À guisa de diversas homenagens, muito se falou e comentou à respeito, inclusive no segmento das histórias em quadrinhos. Nessa senda, o trabalho realizado por César Lobo e Luiz Antonio Aguiar, este profundo conhecedor da obra do Bruxo do Cosme Velho (tendo publicado em 2008 o “Almanaque Machado de Assis” – Ed. Record), merece destaque. Em exemplar primoroso, os autores adaptaram a novela “O Alienista”, um dos melhores trabalhos...

"Lutero e a Igreja do Pecado", Fernando Jorge

LUTERO E SUA REFORMA LUTERO E A IGREJA DO PECADO, Fernando Jorge, São Paulo: Novo Século Editora, 7ª. ed., 2007, 229 pág. Com seu brilhante talento para biografias, Fernando Jorge nos apresenta a trajetória de Martinho Lutero e suas constantes perturbações com o diabo. Ricamente ilustrado e com a peculiar habilidade do autor em recriar os locais e situações pelas quais passou o biografado. Lutero nasceu na Alemanha, em 1483, e sofreu muito na mão de seus pais. Tornou-se monge agostiniano, mas desde cedo começou a teorizar sobre diversos dogmas e regras da igreja católica. Sua insatisfação com a igreja romana, no entanto, aumentou por ocasião de sua visita à Roma, ocasião em que pode constatar o luxo e a luxúria em que viviam o papa e diversos de seus cardeais, situação esta diametralmente oposta àquela pregada pelos padres e bispos católicos. A hipocrisia, a mentira, os gastos exagerados e a existência de papas libidinosos (como foi o caso de Alexandre VI), somada a venda de in...

"A Cabana", William P. Young

LIÇÕES MUITAS VEZES ESQUECIDAS A CABANA, William P. Young, Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2008, 236 pág. Sucesso de vendas, há diversas semanas na lista dos mais vendidos, o livro não empolga. Trata-se de mais um livro que conta com o apoio mercadológico para vender. A história até se apresenta interessante, ainda mais se levarmos em consideração as expressões que estão na contracapa, tais como “esta história deve ser lida como se fosse uma oração”, ou ainda “você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama”. São estratégias que atraem o leitor sem, no entanto, representar o resultado final da leitura. O enredo explora a vida de um homem atormentado com a morte de sua filha na mencionada cabana que dá título ao livro. Após algum tempo ele recebe um bilhete pedindo que retorne para lá a fim de colocar o assunto em pratos limpos. Lá é recebido por Deus, Jesus e o Espírito Santo, personificados, sendo que o primeiro se apresenta como uma mulher negra e gorda, co...

"1808", Laurentino Gomes

FUGA À COLÔNIA TROPICAL 1808, Laurentino Gomes, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, 414 pág. Em minucioso trabalho de pesquisa, Laurentino Gomes conseguiu produzir o livro de não-ficção mais comentado de 2008. Liderando por diversas semanas a lista dos mais vendidos, 1808 conta a vinda da família real portuguesa para o Brasil, ocorrida no ano que dá título ao livro. Com linguagem simples, procura traçar um perfil de D. João VI, sua esposa Carlota Joaquina, e demais figuras que transitavam por essa terra brasilis. No início do século XIX, Portugal era um país decadente, atrasado e extramente religioso, sendo avesso à manifestações libertárias e de pequena população. Sua frota marítima já não chegava aos pés do que fora em tempos passados. O país não buscava a modernização de seus costumes e idéias, sentindo grandes dificuldades financeiras e demográficas. Como se percebe, estava na contramão da história, distante da revolução industrial que se iniciou na Inglaterra em 1770. Não bas...

"Charles Darwin: A Revolução da Evolução", Rebecca Stefoff

DARWIN E SUA TEORIA DA EVOLUÇÃO CHARLES DARWIN: A REVOLUÇÃO DA EVOLUÇÃO, Rebecca Stefoff, São Paulo: Ed. Cia. das Letras, 2007, 127 pág. O livro conta a vida do autor da teoria da evolução, Charles Darwin. Nascido em uma família abastada, na cidade de Shrewsbury, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809, desde o início da vida já se mostrava curioso pelas criaturas que habitavam nosso planeta. Com apenas vinte e dois anos embarcou no navio Beagle, capitaneado por Robert FitzRoy, e saiu pelas américas. Foi nessa viagem que conheceu as famosas Ilhas Galápagos e pode dar início ao estudo da teoria que o tornaria conhecido pela eternidade. Fez inúmeras anotações da vida dos habitantes daquele arquipélago e ao retornar para a Europa formulou ao longo de 20 anos a conhecida teoria da evolução das espécies. Sua tese abalou os alicerces que existiam na sociedade da época, profundamente cristã e que acreditava de forma copiosa na versão bíblica da Criação. Darwin, no entanto, fundament...

"O Menino do Pijama Listrado", John Boyne

UMA FÁBULA DE GUERRA O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, John Boyne, São Paulo: Companhia das Letras, 2008, 186 pág. Escrito pelo irlandês John Boyne e traduzido para o português por Augusto Pacheco Calil, O menino do pijama listrado conta a história de Bruno, filho de um graduado oficial alemão que durante a segunda guerra mundial sai com a família do conforto de seu lar em Berlim para viver próximo a um campo de concentração. Durante toda a narrativa o jovem, de apenas nove anos, desconhece os horrores da guerra tampouco sabendo quem são aquelas pessoas que vê da janela de sua casa e que estão do outro lado da cerca, todos de pijamas listrados. Sem amigos e desgostoso com o novo lar, Bruno parte para explorar o local e inicia uma amizade com Shmuel, um menino da mesma idade, nascido no mesmo dia, porém judeu. Envoltos por realidades bem distintas, Bruno é pura inocência, tendo no pai um exemplo de disciplina e respeito. Já seu amigo de pijama não pode dizer o mesmo, estando a cada...

"Uma Vida com Karol", Stanislaw Dziwisz

O PAPA ESLAVO UMA VIDA COM KAROL, Stanislaw Dziwisz e Gian Franco Svidercoschi, Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2007, 262 pág. Quantos acontecimentos não teria presenciado o secretário particular de um Papa? Parte dessas lembranças são apresentadas pelo jornalista Gian Franco Svidercoschi, que acompanha os acontecimentos no Vaticano por quase cinqüenta anos, e especialmente por Stanislaw Dziwisz, aluno da cadeira de moral, ministrada por Karol Wojtyla no seminário de Cracóvia, Polônia, e que foi seu fiel escudeiro praticamente durante toda a vida. Ordenado cardeal por Bento XVI, em março de 2006, Dziwisz acompanhou as lutas do então arcebispo Wojtyla contra o governo polonês, comunista, que impunha limites à liberdade e manifestações religiosas. A autoridade vigente pregava um estado laico, tendo na igreja católica um opositor contra seu regime de governo. A população, no entanto, se mostrava cansada desse sistema e cada vez mais se aproximava da igreja, defensora do homem e de se...

"Como e por que Ler os Clássicos Universais desde Cedo", Ana Maria Machado

O PRAZER DA LEITURA Cristian Luis Hruschka COMO E POR QUE LER OS CLÁSSICOS UNIVERSAIS DESDE CEDO, Ana Maria Machado, Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2002, 145 pág. Quem, quando criança, não passou pelo martírio de ler Lucíola ou O Cortiço? Respeitada a importância dos mestres José de Alencar e Aluísio de Azevedo para a literatura brasileira, de valor inestimável, ler obras de tamanha grandeza aos treze anos não é tarefa fácil. Nessa idade a gente quer brincar e se sujar. Subir em árvore e tomar banho de rio. No entanto, fadados a estudar desde cedo, com a obrigação de tirar boas notas, não resta alternativa exceto ler e fazer inúmeras fichas de leitura. Ana Maria Machado, escritora com mais de cem livros publicados, a maioria deles voltados para o público infanto-juvenil, nos ensina em "Como e por que ler os clássicos universais desde cedo" que a imposição da leitura dissemina o horror ao livro. Para ela “ninguém tem que ser obrigado a ler nada. Ler é um direito d...

"A Sombra do Vento", Carlos Ruiz Zafon

OS SEGREDOS DO LIVRO Cristian Luis Hruschka A SOMBRA DO VENTO, Carlos Ruiz Zafón, Rio de Janeiro: Ed. Suma das Letras, 2007, 399 pág. Acabo de ler A Sombra do Vento, do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Confesso que no início o livro não me animou, pegando ritmo após as sessenta primeiras páginas. No entanto, a velocidade que a leitura tomou é algo impressionante, deixando o leitor numa constante expectativa para saber por onde andará Daniel Sempere. Tudo começa quando o menino Daniel é levado por seu pai, dono de um sebo na cidade de Barcelona, a um local intangível chamado “O Cemitério dos Livros Esquecidos”. Lá, totalmente a esmo, o rapaz puxa das labirínticas estantes um exemplar de Julián Carax, escritor desconhecido. Leva o livro para casa e a leitura o consome por toda a noite. Extasiado, busca saber mais sobre a vida do autor e procura por novos livros seus. Daí para frente Daniel penetra num mundo repleto de mistério, mentiras, romance, sexo, intrigas, persegui...

"A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água", Jorge Amado

JORGE AMADO E A MORTE DE QUINCAS BERRO D’ÁGUA Cristian Luis Hruschka A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D’ÁGUA, Jorge Amado, São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2008, 112 pág. Nesse ano a Companhia das Letras iniciou a republicação das obras completas de Jorge Amado (1912-2001), sendo que os últimos livros serão reeditados em 2012, ano da comemoração do seu centenário de nascimento. Jorge Amado nos deixou vasta e rica obra. São seus livros como “Tieta do Agreste”, “Terras do sem-fim”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “Mar Morto”, “Capitães de Areia” e “Tocaia Grande”, apenas para citar alguns. Advogado, porém sem nunca ter exercido a profissão, era “comunista de carteirinha’. Preso e exilado em diversas oportunidades, na década de 40 foi deputado federal pelo PCB, afastando-se da militância política por volta de 1955. Viveu na França e na Tchecoslováquia, ocasião em que estreitou seus laços comunistas com a Europa, em especial a União Soviética. Seu lar, no entanto, foi ...

"O Peão Negro", Enéas Athanázio

OS 35 ANOS DE “O PEÃO NEGRO” Enéas Athanázio, escritor catarinense, comemorou em março de 2008 os trinta e cinco anos da publicação de “O Peão Negro” (Editora do Escritor, 1973). Escrito enquanto ainda conciliava a atividade literária com o exercício de Promotor de Justiça, o livro teve grande repercussão no meio, principalmente pela conotação regionalista de sua prosa, sendo o lançamento muito festejado na cidade de Canoinhas (SC). Foi nesse campo, da ficção regionalista, que a obra se destacou e elevou o autor à condição de um dos maiores escritores de nosso Estado, seguindo os passos trilhados por Tito Carvalho (1896/1965) e Guido Wilmar Sassi (1922). O regionalismo literário, conforme se pode depreender da própria expressão, procura retratar as características de determinado lugar, os fatos pitorescos, as crenças, o tecido cultural de uma região. Trata-se de árduo trabalho literário, procurando manter vivas as expressões utilizadas pelas pessoas dos mais diversos recantos do...

"Fahrenheit 451", Ray Bradbury

LEITURA INFLAMÁVEL FAHRENHEIT 451: A temperatura na qual o papel do livro pega fogo, Ray Bradbury, 1ª. ed., 4ª. reimpressão, Rio de Janeiro: Ed. Globo, 2006, 215 p. Em recente visita a locadora, deparei com o filme Fahrenheit 451, de François Truffaut, rodado em 1966 e tendo Oskar Werner no papel de Guy Montag, personagem principal da trama. O filme leva para as telas o livro de mesmo nome do escritor americano Ray Bradbury. Trata-se de uma das mais importantes obras de ficção científica já escritas, publicada originalmente em 1953. Para quem gosta do gênero, o autor cria uma sociedade futurista onde é expressamente proibida a leitura de livros, os quais, quando encontrados, são queimados pelos chamados “bombeiros”, que ao invés de apagar incêndios ateam fogo em todos os exemplares que encontram pela frente. Referida lei é emanada de um governo opressor e busca com isso manipular a população, mantendo-a ignorante e submissa. Carlos Heitor Cony, em artigo publicado na Folha...

"O Homem Nu", Fernando Sabino

UM POUCO DE SABINO E SUA OBRA Cristian Luis Hruschka O HOMEM NU, Fernando Sabino, 38ª. ed., Rio de Janeiro: Ed. Record, 1998, 192 p. Conheci a obra de Fernando Sabino (1923-2004), em dezembro de 2006. Até então só tinha ouvido falar de seus livros sem ter me arriscado a ler algum deles. Bendita hora em que comprei “A Faca de dois Gumes” (Ed. Record, 2005), na praia, em uma banca de revistas. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, à primeira leitura. O livro é maravilhoso, composto das novelas “O Bom Ladrão”, “Martini Seco” e “O Outro Gume da Faca”. Uma trilogia prodigiosa que leva o leitor a duvidar do certo e do errado, colocando-o no lugar dos personagens e ao mesmo tempo censurando suas atitudes. Li o livro em uma pegada. Dias após retornei à mesma banca de revistas para comprar “O Encontro Marcado”, livro mais importante da obra de Fernando Sabino, traduzido para diversos idiomas pelo mundo afora e que já ultrapassa a 80ª. edição aqui no Brasil. Não tinha mais jeito,...

"Perguntaram-me se Acredito em Deus", Rubem Alves

REFLEXÕES DE RELIGIOSIDADE Cristian Luis Hruschka PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS, Rubem Alves, Ed. Planeta, 2007, 176 p. Psicanalista, educador e autor de diversos livros infantis e sobre religião, Rubem Alves é ainda cronista do jornal Folha de São Paulo. Em seus recentes textos destaca-se a discussão que levantou a respeito da eutanásia: “A vida só pode ser medida por batidas do coração ou ondas elétricas. Como um instrumento musical, a vida só vale a pena ser vivida enquanto o corpo for capaz de produzir música, ainda que seja a de um simples sorriso. Admitamos, para efeito de argumentação, que a vida é dada por Deus e que somente Deus tem o direito de tirá-la. Qualquer intervenção mecânica ou química que tenha por objetivo fazer com que a vida dê o seu acorde final seria pecado, assassinato.” (Folha, 08.01.2008, pág. C2). Em outro artigo, no mesmo jornal, Rubem Alves destaca: “Muitos dos ‘recursos heróicos’ para manter vivo um paciente são, no meu ponto de vista, um...

"Hans Staden - Viagens e Aventuras no Brasil", Luiz Antônio Aguiar

UM ALEMÃO ENTRE OS CANIBAIS Cristian Luis Hruschka HANS STADEN – VIAGENS E AVENTURAS NO BRASIL, Luiz Antônio Aguiar, Ed. Melhoramentos, 2ª. ed., 1992, 110 p. Imagine estar no meio da mata, cercado de índios, prestes a ser esquartejado e devorado por gente tão humana quanto você. Seus braços e pernas seriam cortados, as costas separadas do peito e as vísceras entregues às índias a fim de que as fervessem e servissem para as crianças em forma de papinha. Pois foi nesse meio que o nosso herói Hans Staden se encontrava. O livro escrito por Luiz Antônio Aguiar, mestre em literatura brasileira pela PUC/RJ com mais de 60 títulos publicados, é uma adaptação da obra de Staden, originalmente publicada na cidade de Marburgo, Alemanha, em 1557. Narra as aventuras e sufocos passados pelo alemão ao ser apanhado pela tribo dos índios tupinambás, cujo cativeiro, no ano de 1552, durou nove meses. O Brasil acabava de ser descoberto e por nossas terras, além dos legítimos donos, os própr...

"Vida e Poesia de Olavo Bilac", Fernando Jorge

BELEZA POÉTICA Cristian Luis Hruschka VIDA E POESIA DE OLAVO BILAC, Fernando Jorge, Ed. Novo Século, 5ª. ed, 2007, 348 p. “Bendito aquele que é forte, E desconhece o rancor, E, em vez de servir a morte, Ama a Vida, e serve o Amor!” (“O Rio”, Olavo Bilac) Fernando Jorge, escritor e jornalista, nos maravilha com sua minuciosa e exaustiva pesquisa sobre o poeta Olavo Bilac. Num livro ricamente ilustrado e com detalhes precisos da vida cotidiana do poeta, apresenta-nos um delicioso relato da vida cultural brasileira no final do século XVIII e início do século XIX. OLAVO Brás Martins dos Guimarães BILAC, nasceu em 16 de dezembro de 1865, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Seu pai, Dr. Brás, médico, defendia o pátria na então Guerra do Paraguai, iniciada por Solano Lopez, que aspirava tornar-se o “Imperador do Prata”. Foi derrotado pela “Tríplice Aliança”, formada pelo Brasil, Argentina e Uruguai, que praticamente reduziu à pó o país vizinho. Contrário a vontad...