Cristian Luis Hruschka
FRY, Stephen. Mythos, 2ª ed., São Paulo: Planeta, do Brasil,
2021, 368 páginas (Tradução: Helena Londres).
Quando criança ouvia muito falar em Midas, Zeus e,
principalmente, Hércules, exemplo de coragem, virilidade e força. Mal sabia, no
entanto, que todos esses personagens tinham sua origem na mitologia grega, o
que descobri mais adiante quando passei a ler Monteiro Lobato e fiquei
encantado quando ele trouxe para o Sítio do Pica Pau Amarelo seres como o
Minotauro, que raptou Tia Nastácia, Medusa, os heróis Perseu e Belerofonte, Quimera,
Pégaso, que era filho de Medusa com Poseidon, e o próprio Hércules com seus doze
trabalhos.
Os personagens mitológicos sempre estiveram ao nosso redor, seja no
perfume de um Narciso, a flor, seja no trabalho incansável de Sísifo, que
eternamente empurra sua pedra morro acima num esforço repetitivo e inglório.
Assim como Narizinho, Pedrinho e Tia Benta, os mitos dos gregos também
são fictícios, porém, por milhares de anos conduziram a vida deles, que
eram politeístas e acreditavam na existência de um Olimpo onde residiam os mais
fantásticos deuses.
Há algum tempo decidi me concentrar mais neste assunto e busquei literatura
a respeito. Foi nessa busca que esbarrei com o livro "Mythos", de Stephen Fry, um
ator e escritor britânico fascinado pela mitologia grega e sua cultura.
O livro é de leitura fácil, gostosa, rápida e divertida. Stephen
Fry consegue trazer para a compreensão de todos o intrincado universo
mitológico, apresentando de maneira agradável as peripécias de Zeus, o maior
galanteador que já existiu, e os ataques da ciumenta Hera, sua esposa.
Ataque de ciúme? Como assim? Os deuses têm sentimento? Sim, isso
que torna a ficção ainda mais fascinante, afinal, os deuses possuem emoções
semelhantes aos humanos (tirando o fato de serem imortais) e dessa forma se envolvem em inúmeras situações que trazem
reflexos até os dias atuais, principalmente no campo da psicologia, criando
arquétipos e auxiliando no estudo da psique do ser humano.
A mitologia grega surgiu milhares de anos antes da era Cristã e
suas narrativas encontraram eco (Eco também é um personagem mitológico), nos
poemas épicos Odisseia e Ilíada, de Homero, que reuniu essas
narrativas e traçou o norte que até os dias atuais vem sendo seguido.
O livro de Stephen Fry contribui para a continuidade dessas
narrativas, que há milênios eram transmitidas de boca em boca, de uma geração
para outra, e hoje podem ser compartilhadas em páginas de livros e nas
telas de celulares.
Não há motivos para temer a mitologia, pelo contrário, com tantas
ferramentas tecnológicas cada vez mais temos a possibilidade de nos aprofundar
no tema e conhecer a maravilhosa criatividade humana.
Impossível resumir o livro e condensá-lo em uma simples resenha, somente
lendo para conhecer a grandiosidade da cultura helenista e riqueza de seus personagens,
os quais seduziram os romanos após a tomada de Grécia que, além do território, também
se apropriaram dos seus deuses, transformando Zeus em Júpiter, Afrodite em
Vênus, Dionísio em Baco, Atenas em Minerva, Poseidon em Netuno, entre tantos
outros que deram origem a mitologia greco-romana.
A mitologia grega não tem uma ordem muito clara e por diversas
oportunidades alguns personagens aparecem na narrativa de outros, dando verdadeiros
saltos. Contudo, Stephen Fry busca colocar ordem nessa miscelânia de mitos,
iniciando com o caos, Cronos e a titanomaquia, e o surgimento dos olímpicos.
Depois, relata a profusão de filhos de Zeus e outros deuses, seus relacionamentos
incestuosos, envolvimento com mortais, e o castigo imposto a estes quando os
confrontavam (as punições sempre foram monstruosas, Aracne que o diga quando
confrontou Atena, que nasceu da cabeça de Zeus).
A leitura é maravilhosa e fica aqui o convite para que todos possam
saborear um pouco dessa cultura milenar. Aventurem-se na mitologia e venham
conhecer um mundo de ninfas e personagens impressionantes como Prometeu,
Afrodite, Atena, Hades e seu submundo, Apolo, Hefesto, Cassandra, Caronte, Ares
e tantos outros.
“Mythos”, porém, não aborda a guerra de Troia e não entra em
detalhes sobre os heróis gregos, contemplados em outros dois livros escritos
por Stephen Fry, “Troy” e “Heroes”, ainda sem tradução. Em 2025 ele lançará “Odissey:
The Greek Myths Reimagined”, também sem previsão de chegar por aqui.
Ficamos na torcida para que em breve ocorra a tradução desses
livros, difundindo a cultura grega para todos e tirando a pecha de que
mitologia é apenas para eruditos.
Não tenha medo! Siga em frente!
CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, professor e
advogado. Autor do livro "Na Linha da Loucura", Ed. Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura).
E-mail: clhadv@hotmail.com.
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