LITERATURA RECOMENDADA
Cristian Luis Hruschka
GUIMARÃES, Josué. Depois do Último Trem, 2a. ed., Porto Alegre: Ed. L & PM, 1979, 141 pág.
O Estado do Rio Grande do Sul sempre apresentou ótimos escritores. Érico Veríssimo na prosa e Mário Quintana na poesia, com certeza os maiores representantes. Outros estão meio esquecidos, mas suas obras não podem ser deixadas de lado. Josué Guimarães é um deles.
Nascido na cidade de São Jerônimo (RS), teve uma vida movimentada. Trabalhou em diversos jornais de âmbito nacional, sendo perseguido durante o regime militar, quando esteve na clandestinidade escrevendo por meio de pseudônimos. Falecido em 1986, deixou um grande número de obras, adultas e infantis. Seus livros de maior expressão são "Enquanto a noite não chega", reconhecido pela crítica como obra máxima, "Dona Anja", "Tambores Silenciosos" e "Camilo Mortágua".
Lembrei de seu nome quando estava lendo o artigo do Alberto Mussa no suplemento literário "Rascunho" (abr/2014), onde abordou a obra de Josué Guimarães. Como indicado pelo colunista, corri para o sebo mais próximo e comprei "Depois do Último Trem" (1973), uma edição surrada mas com o texto intacto, por apenas cinco reais.
O preço barato não justifica a grandeza da obra! O livro corre em velocidade impressionante, sempre de forma coordenada, respeitando o leitor e fazendo-o pensar sobre os acontecimentos. O enredo conta a história de uma cidade fictícia (Abarama) que será engolida pelas águas de uma represa. A cidade irá sumir do mapa, literalmente. Antes que isso aconteça, porém, Eduardo retorna após longo período de ausência, passando a reviver acontecimentos do passado e remoer lembranças até então esquecidas. Chegando no local passa a morar com seu tio Lucas, nutrindo contra ele uma indiferença crescente, detestando seus hábitos, maltratando-o, querendo que morra. Toda a trama é envolvida em um ambiente de grande tensão. As pessoas vão desaparecendo, sumindo da cidade, fugindo. A água não tardará para chegar e diversos assuntos terão de ser deixados para trás.
O livro desperta a vontade de conhecer melhor a obra de Josué Guimarães. Eu já me garanti, voltei ao sebo e comprei "É Tarde para Saber" e "Amor de Perdição" (devo ter gasto outros cinco reais!), mas confesso que estou querendo ler os dois volumes de "A Ferro e Fogo", sobre uma família de imigrantes no sul do País. Como se vê, material é o que não falta. Boa leitura!
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
Cristian Luis Hruschka

O Estado do Rio Grande do Sul sempre apresentou ótimos escritores. Érico Veríssimo na prosa e Mário Quintana na poesia, com certeza os maiores representantes. Outros estão meio esquecidos, mas suas obras não podem ser deixadas de lado. Josué Guimarães é um deles.
Nascido na cidade de São Jerônimo (RS), teve uma vida movimentada. Trabalhou em diversos jornais de âmbito nacional, sendo perseguido durante o regime militar, quando esteve na clandestinidade escrevendo por meio de pseudônimos. Falecido em 1986, deixou um grande número de obras, adultas e infantis. Seus livros de maior expressão são "Enquanto a noite não chega", reconhecido pela crítica como obra máxima, "Dona Anja", "Tambores Silenciosos" e "Camilo Mortágua".
Lembrei de seu nome quando estava lendo o artigo do Alberto Mussa no suplemento literário "Rascunho" (abr/2014), onde abordou a obra de Josué Guimarães. Como indicado pelo colunista, corri para o sebo mais próximo e comprei "Depois do Último Trem" (1973), uma edição surrada mas com o texto intacto, por apenas cinco reais.
O preço barato não justifica a grandeza da obra! O livro corre em velocidade impressionante, sempre de forma coordenada, respeitando o leitor e fazendo-o pensar sobre os acontecimentos. O enredo conta a história de uma cidade fictícia (Abarama) que será engolida pelas águas de uma represa. A cidade irá sumir do mapa, literalmente. Antes que isso aconteça, porém, Eduardo retorna após longo período de ausência, passando a reviver acontecimentos do passado e remoer lembranças até então esquecidas. Chegando no local passa a morar com seu tio Lucas, nutrindo contra ele uma indiferença crescente, detestando seus hábitos, maltratando-o, querendo que morra. Toda a trama é envolvida em um ambiente de grande tensão. As pessoas vão desaparecendo, sumindo da cidade, fugindo. A água não tardará para chegar e diversos assuntos terão de ser deixados para trás.
O livro desperta a vontade de conhecer melhor a obra de Josué Guimarães. Eu já me garanti, voltei ao sebo e comprei "É Tarde para Saber" e "Amor de Perdição" (devo ter gasto outros cinco reais!), mas confesso que estou querendo ler os dois volumes de "A Ferro e Fogo", sobre uma família de imigrantes no sul do País. Como se vê, material é o que não falta. Boa leitura!
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
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