LITERATURA POLICIAL
Cristian Luis Hruchka
KING, Stephen. Mr. Mercedes, Rio de Janeiro: Ed. Suma das Letras, 2016, 393 pág. Tradução: Regiane Winarski.
O último King que li, Joyland (Suma das Letras, 2015), foi tão fraco, tão piegas, de um romantismo ridículo, que decidi não voltar a ter contado com o mestre do terror. O livro sequer rendeu uma resenha para este blog. Contudo, se tem algo que agora posso encarar como vantagem, é minha teimosia. Confesso que resisti, mas acabei comprando Mr. Mercedes, primeiro livro da trilogia anunciada pela editora.
O livro conta a história do policial aposentado Bill Hodges. Já no primeiro capítulo é narrado o atropelamento de diversas pessoas que aguardavam ansiosas por uma possibilidade de emprego. Os candidatos se aglomeravam em frente ao local quando um veiculo Mercedes Benz irrompe contra a multidão matando diversas pessoas. O automóvel é conduzido por Brady Hartsfield, um jovem acima de qualquer suspeita, que passa a desafiar o policial aposentado à encontrá-lo.
Em clima de terror psicológico, King traça a personalidade do detetive e do assassino, que passam a trocar mensagens por meio de uma rede social chamada Under Debbie's Blue Umbrella. Mutuamente se hostilizarem e os acontecimentos que seguem conduzem os personagens para um final eletrizante, onde diversas vidas correm risco em razão de um possível ataque terrorista provocado pelo lunático Hastsfield.
Neste primeiro volume da trilogia, o autor abusa dos palavrões mas não faz uso de recursos sobrenaturais, pelo contrário, o enredo segue tendências modernas, ligadas à tecnologia e velocidade de informações. A trama, mesmo se apresentando simples, é repleta de reviravoltas e descobertas, com surpresas decorrentes de resultados inesperados e ações não muito bem calculadas pelo assassino.
Não há nada de espetacular na narrativa, contudo, a forma como é contada a história prende o leitor durante as quase quatrocentas páginas do romance. Talvez este seja o maior segredo de King, sua peculiar capacidade de transformar uma história repleta de clichês em um texto atrativo e interessante, com um final que instiga o leitor a comprar o segundo livro da trilogia, "Achados e Perdidos", Ed. Suma das Letras, lançado em 01 de julho de 2016. (O terceiro livro, "Último Turno", está com lançamento programado pela Suma das Letras para outubro de 2016).
Leitor, não espere terror, não espere nada macabro, mas aproveite Stephen King em uma trama policial e psicológica.
Obs.: Mr. Mercedes foi lançado nos Estados Unidos em 2014 e no Brasil apenas dois anos depois, portanto, um livro atual e de uma fase mais madura do escritor, distanciado das drogas e do consumo excessivo de bebida. É um livro diferente daqueles que foram responsáveis pelo seu sucesso. O livro não tem a magnitude de "O Iluminado", "A Zona Morta" ou "O Cemitério", mas vale a pena dar mais esse crédito ao mestre. Em tempo, tomara que o assassinato do Sr. Mercedes não tenha influenciado em nada o maluco que conduziu aquele caminhão contra a população em Nice. Deixemos as loucuras apenas com King, presas no papel!
__________________
CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
Cristian Luis Hruchka
KING, Stephen. Mr. Mercedes, Rio de Janeiro: Ed. Suma das Letras, 2016, 393 pág. Tradução: Regiane Winarski.
O último King que li, Joyland (Suma das Letras, 2015), foi tão fraco, tão piegas, de um romantismo ridículo, que decidi não voltar a ter contado com o mestre do terror. O livro sequer rendeu uma resenha para este blog. Contudo, se tem algo que agora posso encarar como vantagem, é minha teimosia. Confesso que resisti, mas acabei comprando Mr. Mercedes, primeiro livro da trilogia anunciada pela editora.
O livro conta a história do policial aposentado Bill Hodges. Já no primeiro capítulo é narrado o atropelamento de diversas pessoas que aguardavam ansiosas por uma possibilidade de emprego. Os candidatos se aglomeravam em frente ao local quando um veiculo Mercedes Benz irrompe contra a multidão matando diversas pessoas. O automóvel é conduzido por Brady Hartsfield, um jovem acima de qualquer suspeita, que passa a desafiar o policial aposentado à encontrá-lo.
Em clima de terror psicológico, King traça a personalidade do detetive e do assassino, que passam a trocar mensagens por meio de uma rede social chamada Under Debbie's Blue Umbrella. Mutuamente se hostilizarem e os acontecimentos que seguem conduzem os personagens para um final eletrizante, onde diversas vidas correm risco em razão de um possível ataque terrorista provocado pelo lunático Hastsfield.
Neste primeiro volume da trilogia, o autor abusa dos palavrões mas não faz uso de recursos sobrenaturais, pelo contrário, o enredo segue tendências modernas, ligadas à tecnologia e velocidade de informações. A trama, mesmo se apresentando simples, é repleta de reviravoltas e descobertas, com surpresas decorrentes de resultados inesperados e ações não muito bem calculadas pelo assassino.
Não há nada de espetacular na narrativa, contudo, a forma como é contada a história prende o leitor durante as quase quatrocentas páginas do romance. Talvez este seja o maior segredo de King, sua peculiar capacidade de transformar uma história repleta de clichês em um texto atrativo e interessante, com um final que instiga o leitor a comprar o segundo livro da trilogia, "Achados e Perdidos", Ed. Suma das Letras, lançado em 01 de julho de 2016. (O terceiro livro, "Último Turno", está com lançamento programado pela Suma das Letras para outubro de 2016).
Leitor, não espere terror, não espere nada macabro, mas aproveite Stephen King em uma trama policial e psicológica.
Obs.: Mr. Mercedes foi lançado nos Estados Unidos em 2014 e no Brasil apenas dois anos depois, portanto, um livro atual e de uma fase mais madura do escritor, distanciado das drogas e do consumo excessivo de bebida. É um livro diferente daqueles que foram responsáveis pelo seu sucesso. O livro não tem a magnitude de "O Iluminado", "A Zona Morta" ou "O Cemitério", mas vale a pena dar mais esse crédito ao mestre. Em tempo, tomara que o assassinato do Sr. Mercedes não tenha influenciado em nada o maluco que conduziu aquele caminhão contra a população em Nice. Deixemos as loucuras apenas com King, presas no papel!
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
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