
Cristian Luis Hruschka
VIANA, Antônio Carlos. Jeito de Matar Lagartas, Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2015, 168 páginas.
O gênero conto está retornando ao gosto da leitura dos brasileiros. Esquecido por alguns anos, o País penou nesse campo literário, com poucos autores de qualidade. Entre eles está o sergipano Antônio Carlos Viana, autor de "Jeito de Matar Lagartas", lançado em 2015 pela Companhia das Letras. Famoso pelos seus livros anteriores, em especial "Cine Privê" (2009) e "Aberto está o Inferno" (2004), o escritor representa o que há de melhor no conto literário nacional.
Com linguagem objetiva, frases bem construídas e o uso apurado das palavras, utilizadas de maneira precisa, sem carregar o texto, a leitura se torna rápida e prazerosa. Estes são, aliás, os objetivos dos contistas, que procuram reunir num texto reduzido elementos como introdução, por meio da apresentação dos personagens, tempo e lugar, desenvolvimento da trama e conclusão, obrigando o leitor a refletir sobre o texto.
O livro reúne vinte e sete contos, em sua maioria envolvendo pessoas já maduras, com nomes escolhidos de forma muito criativa. Temos, entre muitos outros, a professora Normélia, dona Deusinha, dona Delfina, dona Katucha, madame Viola, dona Maria Reina, cujo "nome era para ser Regina, mas o escrivão esqueceu o 'g', que ela encontrou depois, na escuridão do corpo", a tia Eulália que roubou a namorada - sim, a namorada - de seu irmão, o tio Eunápio. Existem ainda outros personagens muito interessantes, com histórias relacionadas ao sexo, à decadência do corpo com o passar dos anos, ao prazer solitário, à (re)descoberta da paixão quando os anos começam à bater na porta. Os contos também relatam situações do cotidiano que são captadas de forma aguda e trazidas para o papel com muita proeza pelo autor. Essa capacidade de transformar em prosa as relações do dia a dia é impressionante, quanto mais em um texto enxuto e objetivo.
Fernando Sabino, grande mestre da literatura brasileira, era hábil em escrever poupando as palavras. Certa vez, entrevistado no programa Roda Viva em 1989, disse que escrever de maneira simples "dá um trabalho danado". Não conheço o processo de produção de Antônio Viana, mas acredito que seja bastante rigoroso e detalhista, lendo e relendo o mesmo texto por diversas vezes, sempre tornando-o mais limpo, mais conciso, porém, jamais perdendo a coerência. Em todos os contos se verifica o mesmo estilo na escrita, a mesma agilidade com as palavras, tornando agradável e recomendável a leitura.
O livro reúne vinte e sete contos, em sua maioria envolvendo pessoas já maduras, com nomes escolhidos de forma muito criativa. Temos, entre muitos outros, a professora Normélia, dona Deusinha, dona Delfina, dona Katucha, madame Viola, dona Maria Reina, cujo "nome era para ser Regina, mas o escrivão esqueceu o 'g', que ela encontrou depois, na escuridão do corpo", a tia Eulália que roubou a namorada - sim, a namorada - de seu irmão, o tio Eunápio. Existem ainda outros personagens muito interessantes, com histórias relacionadas ao sexo, à decadência do corpo com o passar dos anos, ao prazer solitário, à (re)descoberta da paixão quando os anos começam à bater na porta. Os contos também relatam situações do cotidiano que são captadas de forma aguda e trazidas para o papel com muita proeza pelo autor. Essa capacidade de transformar em prosa as relações do dia a dia é impressionante, quanto mais em um texto enxuto e objetivo.
Fernando Sabino, grande mestre da literatura brasileira, era hábil em escrever poupando as palavras. Certa vez, entrevistado no programa Roda Viva em 1989, disse que escrever de maneira simples "dá um trabalho danado". Não conheço o processo de produção de Antônio Viana, mas acredito que seja bastante rigoroso e detalhista, lendo e relendo o mesmo texto por diversas vezes, sempre tornando-o mais limpo, mais conciso, porém, jamais perdendo a coerência. Em todos os contos se verifica o mesmo estilo na escrita, a mesma agilidade com as palavras, tornando agradável e recomendável a leitura.
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
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