BAGUNÇA MILANESA

Cristian Luis Hruschka
ECO, Umberto. Número Zero, Rio de Janeiro: Ed. Record, 2015, 207 pág. Tradução: Ivone Benedetti.
Umberto Eco. Italiano, nascido em Alexandria (1936). Um dos maiores escritores vivos. Nome lembrado por todos aqueles que adoram listar seus romancistas preferidos. Ensaísta, filósofo, semiólogo, linguista. Esse é Umberto Eco. Caso tenha ficado curioso, recomendo que comece a ter contato com a obra dele por "O Nome da Rosa" (1980), "O Pêndulo de Foucault" (1988) ou "O Cemitério de Praga" (2010), mas não inicie por "Número Zero".
Assim que tomei conhecimento do lançamento do livro, o que não foi difícil de acontecer face a badalação que ocorre sempre que um novo título de sua lavra é colocado no mercado, fiquei curioso. As notas divulgadas na imprensa prometiam um livro misturando temas que prendem a atenção do leitor: morte, conspiração, religião, maçonaria, bastidores de um jornal e uma "história sobre um cenário diabólico, que gira em torno do cadáver putrefado de um pseudo-Mussolini". Contudo, ao iniciar a leitura, logo se descobre que o leitor foi enganado.
O livro não empolga. Gira em torno de especulações, de matérias jornalísticas que poderão ser publicadas em um jornal chamado Amanhã, que jamais decola. Como se trata de Umberto Eco, o leitor insiste, acredita que após mais algumas páginas a trama irá melhor, porém, é mais do mesmo, nada que mereça nota.
A erudição de Umberto Eco não encontra amparo em "Número Zero". Os enredos engendrados, os personagens bem construídos, características que tornaram suas obras sucesso de público e crítica, não estão presentes neste novo livro. Os acontecimentos ocorrem em Milão, e a trama amorosa que se desenrola entre o narrador Colonna e a jornalista Maia, esta talvez o personagem mais empolgante, é fria e distante, bem diferente do prometido pela crítica que tanto elogiou o livro por ocasião do lançamento.
Em uma recente entrevista concedida por Umberto Eco ao programa Globonews Literatura, o escritor disse que leva em média seis anos para escrever seus livros e que "Número Zero" foi escrito em apenas um. Acredito que deva ter faltado o período de maturação dos demais, era necessário deixá-lo um pouco mais no forno. Porém, nem tudo é ruim. O livro nos apresenta e faz rememorar algumas palavras que não encontramos em obras do dia a dia. Palavras bem usadas por quem sabe trabalhar com as ferramentas principais do escritor. Aproveitando o ensejo para citar uma delas, podemos dizer que a leitura de "Número Zero" é tépida, ou seja, desprovida de força, de vigor, de intensidade.
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com

Cristian Luis Hruschka
ECO, Umberto. Número Zero, Rio de Janeiro: Ed. Record, 2015, 207 pág. Tradução: Ivone Benedetti.
Umberto Eco. Italiano, nascido em Alexandria (1936). Um dos maiores escritores vivos. Nome lembrado por todos aqueles que adoram listar seus romancistas preferidos. Ensaísta, filósofo, semiólogo, linguista. Esse é Umberto Eco. Caso tenha ficado curioso, recomendo que comece a ter contato com a obra dele por "O Nome da Rosa" (1980), "O Pêndulo de Foucault" (1988) ou "O Cemitério de Praga" (2010), mas não inicie por "Número Zero".
Assim que tomei conhecimento do lançamento do livro, o que não foi difícil de acontecer face a badalação que ocorre sempre que um novo título de sua lavra é colocado no mercado, fiquei curioso. As notas divulgadas na imprensa prometiam um livro misturando temas que prendem a atenção do leitor: morte, conspiração, religião, maçonaria, bastidores de um jornal e uma "história sobre um cenário diabólico, que gira em torno do cadáver putrefado de um pseudo-Mussolini". Contudo, ao iniciar a leitura, logo se descobre que o leitor foi enganado.
O livro não empolga. Gira em torno de especulações, de matérias jornalísticas que poderão ser publicadas em um jornal chamado Amanhã, que jamais decola. Como se trata de Umberto Eco, o leitor insiste, acredita que após mais algumas páginas a trama irá melhor, porém, é mais do mesmo, nada que mereça nota.
A erudição de Umberto Eco não encontra amparo em "Número Zero". Os enredos engendrados, os personagens bem construídos, características que tornaram suas obras sucesso de público e crítica, não estão presentes neste novo livro. Os acontecimentos ocorrem em Milão, e a trama amorosa que se desenrola entre o narrador Colonna e a jornalista Maia, esta talvez o personagem mais empolgante, é fria e distante, bem diferente do prometido pela crítica que tanto elogiou o livro por ocasião do lançamento.
Em uma recente entrevista concedida por Umberto Eco ao programa Globonews Literatura, o escritor disse que leva em média seis anos para escrever seus livros e que "Número Zero" foi escrito em apenas um. Acredito que deva ter faltado o período de maturação dos demais, era necessário deixá-lo um pouco mais no forno. Porém, nem tudo é ruim. O livro nos apresenta e faz rememorar algumas palavras que não encontramos em obras do dia a dia. Palavras bem usadas por quem sabe trabalhar com as ferramentas principais do escritor. Aproveitando o ensejo para citar uma delas, podemos dizer que a leitura de "Número Zero" é tépida, ou seja, desprovida de força, de vigor, de intensidade.
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
Que bom que voltou a publicar no blog. Estava curioso com o livro também, mas com sua descrição consigo aguardar um pouco mais. Grande abraço!!!
ResponderExcluirOlá, Bráulio. Fico feliz de manter alguns leitores fiéis de meus singelos comentários literários. Grande abraço, meu amigo!
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