GOMES, Laurentino; LUDOVICO, Osmar. O Caminho do Peregrino: seguindo os passos de Jesus na Terra Santa, 1ª ed., São Paulo: Globo, 2015, 198 páginas (Ilustrações: Cláudio Pastro).
Imagine-se em uma praia, à frente de um pequeno barco e com a rede vazia de peixes. Uma pessoa se aproxima e diz para você entrar no mar e lançar novamente a rede que muitos peixes virão e que a partir daquele momento você não deve mais pescar peixes, mas sim homens! Essa pessoa também se intitula filho de Deus, tendo nascido de uma virgem. Você largaria tudo para segui-lo?
Nos dias atuais, com recursos tecnológicos à palma da mão, dificilmente você acreditaria em alguém com esse discurso, porém, há dois mil anos, Jesus Cristo se mostrou para a humanidade e cativou seguidores com sua simplicidade, amor e palavras de esperança. O mundo depois Dele nunca mais foi o mesmo.
Em um livro curto, Laurentino Gomes, mais conhecido por "1808" e "1822", e Osmar Ludovico, líder religioso, nos apresentam locais por onde o Homem de Nazaré caminhou e operou milagres.
Ao lermos “O Caminho do Peregrino” somos levados para diversos pontos de Jerusalém, cidade mais importante para as três religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo), e a partir de citações bíblicas podemos refletir sobre as passagens de Jesus na terra.
Assim como Pedro, então conhecido como Simão, foi chamado por Jesus para pescar homens, somos diariamente convidados a renovar nossa fé em Deus. Há tempos a espiritualidade não esteve tanto em pauta como nos dias atuais. Hoje temos conhecimento suficiente para distinguir enganadores e falsos profetas, podendo escolher a linha religiosa que pretendemos nos filiar e agir conforme seus preceitos.
“Frequentemente ouvimos a voz de Jesus Cristo, mas não temos a
coragem de crer e obedecer. Sua mensagem nos parece bela e pertinente, mas no
fundo não achamos que pode dar certo. No entanto, basta uma pequena pausa para
que essa palavra suscite em nós a fé e a obediência.” (pág. 82)
Contudo, “no coração de todo aquele que crê o Espírito de Deus faz morada” (pág. 137) e, por mais diversificadas que sejam as linhas religiosas, nenhuma delas é tão importante como a cristã, que tem em Jesus Cristo a personificação de Deus na terra.
Durante a leitura somos inseridos na Jerusalém do tempo bíblico, Caminhamos com os autores por locais de grande importância histórica. Ainda que o racional de muitos possa negar a existência de Jesus, é certo que o Nazareno andou entre nós e os estudos sobre o “Jesus Histórico”, que não corresponde ao Jesus da Fé ou metafísico, mas sim antropológico, que busca constituir a historicidade de Jesus de Nazaré, são cada vez maiores.
Independente a isso, o cristão faz uso das virtudes tealogais do apóstolo Paulo e, através da fé, da esperança e do amor, dá continuidade à mensagem de Deus e mantém viva a chama do bem no coração dos homens.
Retornando ao livro de Laurentino e Osmar, os autores relatam a questão das rivalidades religiosas em Jerusalém, onde temos uma mesquita ao lado da Basílica da Anunciação, e o Templo da Rocha (Domo da Rocha), sob domínio dos mulçumanos, onde, para os judeus, está situado o local do sacrifício de Abraão; para o islamismo Maomé, ascendeu aos céus depois de peregrinar de Meca até Jerusalém; e, para parte dos cristãos, abriga o lugar da morte e ressureição de Jesus.
As páginas de “O Caminho do Peregrino” são um convite ao exercício da fé, da compaixão e devoção a Deus.
Em que pesem as evidências de que o Filho de Deus esteve entre nós, “bem-aventurados os que não precisam de provas para crer no amor de Deus” (pág. 167). Para estes, a fé no conforto divino acalenta as dores e, se os argumentos racionais não se mostram suficientes, alegra-se em aproximar-se Dele ao acreditar que seu filho Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria, morreu no Calvário para nos redimir de todos os pecados e conceder a vida eterna, tendo ressuscitado ao terceiro dia e subido aos céus onde se encontra sentado no Trono ao lado do Pai (pág. 179).
“Em meio a uma sociedade materialista e consumista, Deus nos
oferece outra lógica, a da graça, da gratuidade, da generosidade, da
simplicidade, da libertação do dinheiro e do consumo, em que nosso valor está
no ser e não no fazer e no ter. E
nos conduz às verdadeiras felicidade, segurança e liberdade, que não estão no
dinheiro, mas num coração que encontra em Deus uma suficiência e um
contentamento superiores a tudo que a vida oferece.” (pág. 124).
Outra mensagem importante do livro é a visão da história na condição de verdadeiro peregrino e não como mero turista da Terra Santa. A cidade de Jerusalém reúne milhares de turistas por ano, porém, quantos conseguem encontrar Deus nesse lugar? A visão do peregrino é diferente. Para ele não interessa a chegada, mas o percurso. O significado mágico de cada local e o caminho que se faz necessário para chegar até Deus.
Para você que busca conhecer um pouco mais de Jerusalém e exercitar sua fé, “O Caminho do Peregrino” é altamente recomendado. Tenha certeza de que a caminhada valerá a pena!
Ah, não posso esquecer! As ilustrações do livro são do artista sacro Cláudio Pastro (1948-2016) e também merecem destaque. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre a obra desse grande artista que nos deixou de maneira precoce, recomendo acessar https://claudiopastro.com.br/.
CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, professor e advogado. Autor do livro "Na Linha da Loucura", Ed. Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com.
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