Cristian Luis Hruschka
FRATTINI, Eric. Mossad os carrascos do Kidon: a história do temível grupo de operações especiais de Israel. 1a. Ed., São Paulo: Ed. Seoman, 392 pág.
Referenciado por uns e considerado por outros como sendo um grupo terrorista de Israel, o Mossad consiste no mais avançado e treinado serviço de investigação israelense. Criado em 1951, teve como proposta inicial vingar os judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial, aproximadamente seis milhões, e combater os inimigos de Israel em todo e qualquer lugar do planeta.
O "Kidon", por sua vez, é a unidade "secreta"do Mossad, este vinculado ao Metsada, responsável pelas operações especiais de Israel. Sua norma básica de atuação é:
"Não haverá matança de líderes políticos; estes devem ser tratados através dos meios políticos. Não se matará a família dos terroristas; se seus membros se puserem no caminho, não será problema nosso. Cada execução tem de ser autorizada pelo então primeiro-ministro. E tudo deve ser feito segundo o regulamento. É necessário redigir ata da tomada da decisão tomada. Tudo limpo e claro. Nossas ações não devem ser vistas como crimes patrocinados pelo Estado, mas sim como a última ação judicial que o Estado pode oferecer. Não devemos ser diferentes do carrasco ou de qualquer executor legalmente nomeado" (pág. 17).
Através de seu livro, Eric Frattini nos apresenta um panorama da atuação do Mossad, descrevendo diversas das operações em que o grupo esteve envolvido, muitas delas conhecidas do grande público. Entre elas está a chamada Operação Garibaldi, responsável por retirar Adolf Eichmann, oficial nazista, um dos responsáveis pela chamada Solução Final, do território argentino. Segundo o autor, Eichmann chegou na Argentina em 1950 com o auxílio do serviço secreto do Vaticano, mais especificamente de um grupo especial pró-nazismo descoberto pelo Mossad após a Segunda Guerra Mundial, que ajudava na fuga de pessoas do alto comando do Terceiro Reich para países de regime ditatorial da América do Sul. Descoberto por um agente do Mossad, em maio de 1960 Eichmann foi sequestrado e levado para Israel escondido em um avião, com passaporte israelense falso. Após julgado, foi condenado à forca em 1962.
Outro oficial nazista localizado pelo Mossad foi Cukurs, conhecido como o "Carrasco de Riga", que fugiu para o Brasil, inclusive gozando de proteção pelo DOPS, com licença para portar arma em sua defesa. Curkus executou mais de trinta mil judeus (homens, mulheres e crianças) sendo executado pelo Mossad no Uruguai em fevereiro de 1965, com dois tiros na nuca, quando foi envolvido por um agente israelense que o fez viajar para o país vizinho sob o pretexto de que teriam a possibilidade de ampliar o negócio pelo alemão no Brasil. Isso se fez necessário em virtude da dificuldade em executa-lo em território brasileiro.
O livro também relata o conhecido caso ocorrido nas olimpíadas de Munique (Alemanha) em 1972, quando alguns atletas israelenses foram mortos e outros feitos reféns por terroristas palestinos, que se denominava "Setembro Negro", financiado pela Organização para Libertação da Palestina (OLP). A chamada Operação Ira de Deus caçou e vingou, à exceção de apenas um, todos os palestinos responsáveis pelo ocorrido em Munique. Esse evento está registrado no filme "Munique" de Steven Spielberg.
Outra operação de destaque refere-se ao sequestro, por terroristas ligados à causa palestina, do voo 139 da Air France, onde estavam diversos judeus e israelenses. O avião foi deslocado para o aeroporto de Entebbe e lá permaneceu sob a proteção do governo de Uganda, país controlado pelo ditador Idi Amin Dada, que não colaborava com Israel para a libertação dos reféns, tencionando a permitir a chegada de outros membros da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) para se unirem aos quatro sequestradores que mantinham os reféns presos no aeroporto. Em uma operação arriscada, após a autorização do então primeiro-ministro Ariel Sharoon, as forças israelenses tomaram de assalto o aeroporto de Entebbe e, dentro de noventa minutos, mataram os sequestradores, resgataram os reféns e retornaram para Israel no avião que os tinha levado.
Estas são as operações mais conhecidas, porém, o livro ainda relata operações tendo como alvo cientistas nucleares iraquianos, dirigentes do Hamas, engenheiros e traficantes de armas sul-africanos e até mesmo o grande magnata da imprensa Robert Maxwell, que estaria agindo de forma prejudicial aos interesses de Israel.
O livro é muito bom para entender o emaranhado que envolve Israel e Palestina, apresentando um panorama dos conflitos existentes entre eles. Também mostra como o Mossad está preparado para atuar a qualquer momento e em qualquer lugar do mundo, possuindo agentes em todos os locais e constantemente monitorando aqueles que possam ser considerados inimigos do povo judeu.
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CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com
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