Pular para o conteúdo principal

"O Carrasco de Hitler", Robert Gerwarth

A FACE DA CRUELDADE
Cristian Luis Hruschka

GERWARTH, ROBERT. O Carrasco de Hitler, 1ª reimpressão, São Paulo: Ed.  Cultrix, 2014, 456 pág. Tradução: Mario Molina.

Lançado em 2013 com primeira reimpressão em 2014, “O Carrasco de Hitler”, do escritor Roberth Gerwarth, conta a história de Reinhard Heydrich, oficial da SS alemã e um dos responsáveis pela chamada “solução final” que pretendeu por fim ao judeus de toda a Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Sua vida é repleta de acontecimentos que marcaram sua personalidade para o mal, para a crueldade sem medida, voltada ao extermínio de minorias como ciganos, homossexuais, padres formadores de opinião, maçons e especialmente judeus, culpados pela miscigenação do mundo e, portanto, responsáveis pelas modificações da raça ariana, que tinha os nórdicos como modelo: altos, louros e de olhos azuis.

Heydrich foi o segundo homem na SS (Sicherheitsdienst), entidade paramilitar inicialmente responsável pela repressão política do regime nazista e que posteriormente se tornou tão grande ao ponto de ser mais importante que o próprio exército alemão. Hitler era um entusista do serviço prestado pela SS, que tinha na pessoa de Heinrich Himmler seu maior representante. Heydrich, porém, era seu maior destaque no que diz respeito ao extermínio dos judeus e de todos aqueles contrários ao Terceiro Reich, atividade à qual a SS se dedicou quase que exclusivamente por ocasião do final da guerra.

O livro de Gerwarth, ricamente ilustrado com mapas e fotografias, começa narrando a morte de Heydrich em um atentado na cidade de Praga, atual República Tcheca, local onde exercia a função de protetor do Reich da Boêmia e Moravia. Sua morte ocorreu em junho de 1942, três anos antes do término da II Guerra Mundial, tendo sido morto num ataque à bomba ao carro em que estava. Heindrich, também conhecido como o “Açougueiro de Praga”, foi morto por dois tchecos da resistência. Ainda que não tenha morrido na explosão, os estilhaços da bomba em seu corpo resultaram numa infecção na cavidade estomacal. Como não havia penicilina na época, a morte foi questão de tempo.

Seu velório foi o maior de todo o regime nazista e as represálias e retaliações de Hitler não tardaram. Como castigo e vingança ao povo tcheco, numa demonstração de poder e dominação pelo medo, o Führer determinou “a aniquilação completa do povoado boêmio de Lídice, incluindo o assassinato de todos os habitantes homens e a deportação de todas as mulheres para campos de concentração.” (pág. 317). Por essa demonstração de força já se verifica a enorme perda para os nazistas com a morte de Heydrich, retratado por Goebbels, este responsável pela propaganda do Reich, como o “nazista ideal”.

Filho de renomado músico alemão, Heydrich nasceu em uma família de classe média. Não passou dificuldades na infância e gozava de boa vida. Seu temperamento, porém, desde o início estava voltado para a maldade e crueldade. Ambicioso e muito disciplinado, entrou para a Marinha alemã com pouca idade, sendo, no entanto, dispensado por ter rompido um noivado em virtude de outro relacionamento. Em 1931 ingressou no partido nazista e posteriormente na SS, organização praticamente insignificante na época. Casado com Lina Von Osten, de tradicional família ligada ao nazismo, familiarizou-se com o regime que então iniciava sua ascensão na Alemanha e se tornou fiel admirador de Hitler, que tomou o poder no início de 1933.

Crescendo de forma rápida dentro dos quadros da SS, Heydrich ficava cada vez mais obcecado pela necessidade de germanizar a Europa, cujo povo alemão era o exemplo da raça mais adaptada para criar um mundo melhor, “livre de qualquer influência de sangue mestiço ou judeu” (pág. 89).

A SS, porém, não estava na linha de frente de batalha, cuja responsabilidade era do exército alemão e, portanto, não participou ativamente do front (ainda que Heydrich tenha feito algumas incursões como aviador), em especial da tentativa nazista de tomar Moscou, evento responsável pela queda do império nazista. Com efeito, exercia sua atividade de repressão dentro do território tomado pelos alemães, em especial Áustria, primeiro país a ser anexado ao Reich, posteriormente na Tchecoslováquia e Polônia, este último um país completamente dominado pelos alemães e local onde foram criados diversos guetos e campos de concentração e extermínio.

Assim, Heydrich gozava de todo o seu tempo para colocar em ação práticas visando o aniquilamento do povo judeu, abusando da violência e exigindo “a supressão de emoções e o cultivo da insensibilidade, da dureza e da falta de piedade para com todos os adversários” (pág. 101).  Nessa campanha de “limpeza”, Heydrich promoveu inúmeras deportações de judeus para diversos territórios ocupado pelos alemães ou encaminhando-os para guetos específicos. Porém, com a tomada de novos países, aumentava o número de judeus na área de domínio alemão, ainda que a SS não medisse esforços para matá-los ou deixar morrerem em razão das péssimas condições que eram transportados, viviam ou tinham de prestar serviços forçados.

A política antissemita de Heydrich também buscou enriquecer os cofres do Reich, visto que todas as propriedades dos judeus passavam a ser do governo alemão, verdadeiro ato de confisco. As execuções se tornaram cada vez mais frequentes e quando a União Soviética começou a ser invadida na conhecida “Operação Barbarossa”, Heydrich recebeu ordens do Führer, por intemédio de Göring, para rascunhar um “projeto de solução final”, cujo próximo passo seria a germanização dos territórios ocupados. Inicialmente foi defendida a ideia de guetização e expulsão, somente ao final da guerra sendo praticado o genocídio nos campos de extermínio, já após a morte de Heydrich.

Em setembro de 1941 Heydrich assumiu o Protetorado da Boêmia e Morávia, substituindo o moderado Neurath, para implantar um regime de terror, com perseguições e execuções, tudo no intuito de “pacificar” os tchecos. Inicialmente desarticulada, a resistência ganhou força com o passar do tempo, culminando na morte do austero, bárbaro e desumano Reinhard Heydrich, de cujo Protetorado somente 14 mil judeus sobreviveram após a guerra.

Particularmente, li o livro com muito cuidado e atenção, visto que em pesquisas genealógicas que realizei encontrei muitas pessoas com o sobrenome da minha família que tiveram o trágico fim colimado pelos nazistas. Morreram quando eram transportados para “locais desconhecidos”, provavelmente para serem mortos nas famigeradas câmaras de gás em campos de extermínio, inclusive Auschwitz, conforme comprova a pesquisa que fiz junto ao Yad Vashem, maior instituto mundial de memória às vítimas do holocausto. Quem quiser pode conferir se também teve familiares mortos, basta acessar http://db.yadvashem.org/names/search.html?language=en.

Por fim, vale destacar o profundo trabalho de pesquisa realizado sobre a personalidade maléfica do biografado e do ambiente em que viveu, um dos piores de toda a história da humanidade. Infelizmente Heydrich não deixou nada de bom para as gerações futuras, apenas um rastro de destruição e matança, porém, fica clara a certeza de que a maldade não tem limites, onde pessoas são mortas por credos, etnias e convicções diferentes, motivos estes que deveriam aproximar os povos e jamais diferenciá-los.

__________________

CRISTIAN LUIS HRUSCHKA, responsável pelo site www.resenhas-literarias.blogspot.com.br. É autor do livro "Na Linha da Loucura", publicado em 2014 pela editora Minarete/Legere (www.facebook.com.br/nalinhadaloucura). E-mail: clhadv@hotmail.com

Comentários

  1. Boa tarde! Vi que seu blog é dedicado a resenhas literárias, então venho aqui lhe fazer um convite para conhecer o Jeghen Fal - O mais novo livro seriado completamente grátis. É só clicar em http://www.jeghenfal279.com/2014/03/faca-uma-resenha.html para saber mais :D

    ResponderExcluir
  2. Ja li quase tudo sobre a segunda guerra mundial - mais ate hoje ainda nao consigo entender o que passava pela cabeça destes malucos nazistas

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Outras postagens ✓

"O Homem Nu", Fernando Sabino

UM POUCO DE SABINO E SUA OBRA Cristian Luis Hruschka O HOMEM NU, Fernando Sabino, 38ª. ed., Rio de Janeiro: Ed. Record, 1998, 192 p. Conheci a obra de Fernando Sabino (1923-2004), em dezembro de 2006. Até então só tinha ouvido falar de seus livros sem ter me arriscado a ler algum deles. Bendita hora em que comprei “A Faca de dois Gumes” (Ed. Record, 2005), na praia, em uma banca de revistas. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, à primeira leitura. O livro é maravilhoso, composto das novelas “O Bom Ladrão”, “Martini Seco” e “O Outro Gume da Faca”. Uma trilogia prodigiosa que leva o leitor a duvidar do certo e do errado, colocando-o no lugar dos personagens e ao mesmo tempo censurando suas atitudes. Li o livro em uma pegada. Dias após retornei à mesma banca de revistas para comprar “O Encontro Marcado”, livro mais importante da obra de Fernando Sabino, traduzido para diversos idiomas pelo mundo afora e que já ultrapassa a 80ª. edição aqui no Brasil. Não tinha mais jeito,...

"Onde os velhos não têm vez", Cormac McCarthy

SANGUE E VIOLÊNCIA NA FRONTEIRA Cristian Luis Hruschka   McCARTHY, Cormac. Onde os velhos não têm vez , 2ª ed., Rio de Janeiro: Alfaguara, 2023, 229 páginas (Tradução: Adriana Lisboa).   Visceral! Lançado em 2005, o romance “Onde os velhos não têm vez”, de Cormac McCarthy, é violento, direto e sensacional. Falecido em junho de 2023, McCarthy é considerado um dos maiores escritores norte-americanos dos últimos tempos. Ficou conhecido por romances com alto grau de violência e economia de detalhes. O livro “Onde os velhos não têm vez”, reeditado pela Ed. Alfaguara, é prova disso. Ambientado no Texas, na divisa com o México, a trama avança com velocidade, narrando a fuga de Llwelyn Moss (veterano do Vietnã) do “carniceiro” Anton Chigurh, o qual, por sua vez, é perseguido pelo xerife Ed Tom Bell, já com certa idade e desanimado com o aumento da violência na região. Tudo começa quando Moss, durante uma caçada na região árida próxima ao México, se depara com o resul...

"O Alienista", Machado de Assis

O ALIENISTA EM QUADRINHOS Cristian Luis Hruschka O ALIENISTA, Machado de Assis, adaptado por César Lobo (arte) e Luiz Antonio Aguiar (roteiro), São Paulo: Ática, 2008, 72 pág. (Clássicos Brasileiros em HQ). “A loucura, objeto de meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente”. (Machado de Assis, “O Alienista”). O ano que passou foi considerado o “Ano de Machado de Assis”, homenagem ao escritor brasileiro por força do centenário de sua morte ocorrida em 29 de setembro de 1908. À guisa de diversas homenagens, muito se falou e comentou à respeito, inclusive no segmento das histórias em quadrinhos. Nessa senda, o trabalho realizado por César Lobo e Luiz Antonio Aguiar, este profundo conhecedor da obra do Bruxo do Cosme Velho (tendo publicado em 2008 o “Almanaque Machado de Assis” – Ed. Record), merece destaque. Em exemplar primoroso, os autores adaptaram a novela “O Alienista”, um dos melhores trabalhos...

"Ontem à Noite era Sexta-feira", Roberto Drummond

PASSEIO POR BH Cristian Luis Hruschka DRUMMOND, Roberto. Ontem à noite era sexta-feira, 4a. ed., Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988, 210 p. O teólogo holandês Erasmo de Roterdã disse: "quando tenho algum dinheiro, compro livros. Se ainda me sobrar algum, compro roupas e comida" . Nos dias atuais essa expressão pode ser quase levada ao pé da letra quando visitamos os diversos sebos que existem pelo Brasil. Neles é possível garimpar livros muito interessantes e há tempo fora de catálogo. Bom frequentador desses locais, perdendo horas vasculhando as estantes, ao trocar créditos recebidos em um sebo por outros livros, encontrei "Ontem à noite era sexta-feira", de Roberto Drummond. Ler Drummond é sempre uma satisfação. Na linha dos bons escritores mineiros, tal como Fernando Sabino e Oswaldo França Júnior, possui uma escrita rápida, simples e profunda, qualidades literárias somente alcançadas com muito esforço. Sabino, em sua famosa entrevista ao programa Roda Vi...

"Relato de um Náufrago", Gabriel Garcia Márquez

NAUFRÁGIO NO CARIBE Cristian Luis Hruschka GARCIA MÁRQUEZ, Gabriel. Relato de um Náufrago, 18a. ed., Rio de Janeiro: Record, 1994, 134  pág. Tradução: Remy Gorga, filho. Ler Garcia Márquez é sempre um prazer. De tempos em tempos precisamos pegá-lo para incluir qualidade em nossas leituras. Pena ter nos deixado em 2014, aos 84 anos de idade. Prêmio Nobel da Literatura em 1982, o escritor colombiano tem no livro "Cem Anos de Solidão" sua obra-prima, porém, "O Relato de um Náufrago" e "Crônica de uma Morte Anunciada", livros curtos, merecem destaque no conjunto de sua obra. O que mais me impressiona em Garcia Márquez é sua capacidade de manter um ritmo constante durante todo o livro. A velocidade que imprime na narrativa deixa o leitor preso ao texto, ansioso para saber quais serão os próximos desdobramentos da trama. Em "Relato de um Náufrago" é contado o naufrágio do destróier Caldas, da Marinha Mercante da Colômbia, que desaparece durant...

"Perguntaram-me se Acredito em Deus", Rubem Alves

REFLEXÕES DE RELIGIOSIDADE Cristian Luis Hruschka PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS, Rubem Alves, Ed. Planeta, 2007, 176 p. Psicanalista, educador e autor de diversos livros infantis e sobre religião, Rubem Alves é ainda cronista do jornal Folha de São Paulo. Em seus recentes textos destaca-se a discussão que levantou a respeito da eutanásia: “A vida só pode ser medida por batidas do coração ou ondas elétricas. Como um instrumento musical, a vida só vale a pena ser vivida enquanto o corpo for capaz de produzir música, ainda que seja a de um simples sorriso. Admitamos, para efeito de argumentação, que a vida é dada por Deus e que somente Deus tem o direito de tirá-la. Qualquer intervenção mecânica ou química que tenha por objetivo fazer com que a vida dê o seu acorde final seria pecado, assassinato.” (Folha, 08.01.2008, pág. C2). Em outro artigo, no mesmo jornal, Rubem Alves destaca: “Muitos dos ‘recursos heróicos’ para manter vivo um paciente são, no meu ponto de vista, um...

"À Sombra do Meu Irmão", Uwe Timm

HERANÇA MALDITA Cristian Luis Hruschka TIMM, Uwe. À Sombra do Meu Irmão: as marcas do nazismo e do pós-guerra na história de uma família alemã. Porto Alegre: Dublinenses, 2014, 160 pág. (Tradução: Gerson Roberto Neumann e Willian Radünz) Escrito por um dos autores alemães mais traduzidos nos últimos anos, À sombra do meu irmão conta parte da história da Segunda Guerra Mundial vista pelo outro lado, ou seja, dos perdedores. Ainda pequeno, o autor presenciou seu irmão Karl-Heinz alistar-se voluntariamente no exército nazista e partir para o confronto armado. Como soldado da Waffen-SS, foi morto na Ucrânia, em 1943. Posteriormente encaminharam para sua mãe o diário que o filho escrevia no front. Partindo dos relatos lançados no livro, Uwe Timm apresenta aos leitores a trajetória de uma família alemã marcada pela derrota, pela humilhação. Após a ocupação pelos aliados, a Alemanha foi retalhada. Berlim restou dividida entre os soviéticos (setor oriental), franceses, britânicos e am...

"O Vermelho e o Negro", Stendhal

VIDA E MORTE DE UM ELEGANTE CAMPONÊS Cristian Luis Hruschka STENDHAL. O Vermelho e o Negro, Porto Alegre: Ed. Dublinenses, 2016, 544p. Tradução: Raquel Prado (edição especial encomendada pela TAG para seus associados) Não vou entrar em detalhes críticos, acadêmicos ou políticos. Tudo já foi dito de "O Vermelho e o Negro", livro maior do escritor francês Stendhal. Publicado em 1830, Le Rouge et le Noir conta a breve vida de Julien Sorel, camponês pobre do interior da França que busca projeção na sociedade. Para tanto, socorre-se de sua beleza e inteligência e desde cedo começa a trabalhar como preceptor dos filhos do Sr. de Rênal, pessoa influente na sociedade local. Sorel, personagem muito interessante, logo conquista todos com sua polidez e habilidade nas letras. Tendo decorado a Bíblia, não demora para atrair todos os olhares para si, inclusive da Sra. de Rênal, com quem passa a envolver-se em segredo. Esse relacionamento amoroso é muito sutil, não havendo no li...

"1989: O Ano que Mudou o Mundo", Michael Meyer

RAZÕES PARA A QUEDA DA EUROPA COMUNISTA MEYER, Michael, 1989: O ANO QUE MUDOU O MUNDO: a verdadeira história da queda do muro de Berlim, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009, 247 pág., tradução de Pedro Maia Soares. No final de 2011 estive com minha esposa, Patrícia, em Berlim, capital da Alemanha. Ficamos na parte oriental, anteriormente ocupada pelos soviéticos e que ainda guarda muitas lembranças daquele período. Essa proximidade com a história me despertou o interesse, já aguçado, de conhecer as razões e motivos da queda do comunismo na Europa Oriental. Com o término da Segunda Guerra Mundial a cidade de Berlim estava praticamente destruída. Prédios históricos, igrejas e monumentos devastados, existindo até hoje marcas desse conflito que tanto chocou o mundo. A queda do Reich, por sua vez, causou a divisão da capital alemã, sendo que a metade oriental ficou com os soviéticos, que haviam devastado Berlim vindo de Moscou, e a outra metade (ocidental) foi dividida entre os paí...

"O Útimo Homem Branco", Mohsin Hamid

PROMETE MAS NÃO ENTREGA Cristian Luis Hruschka   HAMID, Mohsin. O Último Homem Branco , São Paulo: Companhia das Letras, 2023, 134 páginas (Tradução: José Geraldo Couto).   Lançado em 2022, o livro de Mohsin Hamid foi recebido como um sucesso de crítica. Nascido no Paquistão, o escritor já viveu na Califórnia, Nova Iorque e Londres, sendo colaborador de jornais como The New York Times e Washington Post. O livro conta a história de Anders, um homem branco que, em certa manhã, ao acordar, “descobriu que tinha adquirido uma profunda e inegável tonalidade marron”. A temática proposta é muito inteligente e gera controvérsias das mais variadas, principalmente quanto à intolerância racial. Escrito de maneira arrastada, o livro não prende o leitor e, na minha singela opinião, assim segue até o final. A ideia de abordar uma questão tão importante, com grande clamor social e por muitos tida como apavorante por colocar em xeque a “supremacia do homem branco”, que estaria ...