O MAPA DO TEMPO, Felix J. Palma, Ed. Instrísica, 2010, 470 p. (tradução de Paulina Watch e Ari Roitman)
Não é recente a vontade do homem de cruzar a linha do tempo. A possibilidade de viajar para épocas passadas e visitar o futuro é instigante, porém seus efeitos podem ser avassaladores. Trata-se, porém, de uma realidade impossível de acontecer, valendo apenas para inundar de fantasia e sonhos os pobres habitantes desse planeta terra. Porém, nada melhor do que esse tema para encher a imaginação de um universo cada vez maior de pessoas, todas na esperança de que um dia isso de torne possível.
É sobre esse assunto que o escritor espanhol Felix J. Palma nos brinda com seu excelente romance “O Mapa do Tempo”.
Aproveitando a onda de livros de ficção que carregam obras literárias de reconhecimento universal para nortear seus romances, Felix Palma se apoia no livro “A Máquina do Tempo”, do escritor inglês H. G. Wells (1866 - 1946), originalmente publicada em 1895, para criar uma rede de acontecimentos que permeia toda a trama e prende a atenção do leitor do início ao fim.
Transportando H. G. Wells para as páginas de seu romance, o espanhol consegue desenvolver um texto de prosa objetiva e clara, fugindo de lugares comuns e ressaltada pela tradução efetuada por Paulina Wacht e Ari Roitman.
Na trama, que transcorre no ano de 1896, um empresário chamado Gillian Murray promete viagens temporais para os corajosos que quiserem se aventurar até o ano 2000, mais precisamente até o dia 20 de maio, e testemunharem a revolta dos humanos, comandados pelo charmoso capitão Derek Shackleton, contra os autônomos, devolvendo-lhes um mundo que havia sido tomado pelas máquinas.
Por mais que o leitor no correr do livro possa desconfiar da possibilidade real de viajar no tempo, o autor conduz o enredo de forma tão firme e convincente que não é possível largar o livro. Como ocorre em todo bom romance, ainda mais envolvendo ficção científica, a trama é apimentada por inúmeras reviravoltas e desdobramentos por diversas vezes imprevisíveis.
Outro detalhe importante do livro é que o leitor não consegue descobrir (somente no final da leitura), qual é o personagem principal do enredo: o apaixonado Andrew Harrington, a deslumbrada Claire Haggerty, o visionário e ambicioso Gillian Murray ou o próprio H. G. Wells.
O autor, por sua vez, narra a trama de forma despretenciosa e divertida, como se estivesse vendo os acontecimentos em todas as suas épocas e acompanhando todos os personagens.
Em um cuidadoso e inteligente trabalho, Palma cria soluções para todos os problemas que são apresentados na trama, sendo o final surpreendente. Através de seu “O Mapa do Tempo”, ele nos leva a refletir sobre os riscos e consequencias da possibilidade de viajarmos ao passado e darmos uma olhadinha no futuro. Quem resistiria a não modificar o que fez de errado ou mudar o presente para ter um futuro diferente daquele previamente visitado? Ainda bem que isso não é possível e nunca será! Cada um que viva a sua vida e cuide do hoje para ter um excelente amanhã.
O livro é espetacular. Dentre os lançados no Brasil, está entre os melhores de 2010.
Comentários
Postar um comentário