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Mostrando postagens de janeiro, 2016

"Dia de Matar Porco", Charles Kiefer

DA ROÇA AO DIREITO Cristian Luis Hruschka KIEFER, Charles. Dia de Matar Porco, Porto Alegre: Dublinense, 2014, 112 pág. Em duas oportunidades estive com o livro de Charles Kiefer nas mãos, porém, acabei optando por outro. Na última vez não tive escolha, levei. Azar o meu não tê-lo comprado já na primeira vez. Autor de outros livros, entre eles O Pêndulo do Relógio , ganhador do prêmio Jabuti em 1985, prêmio este que o Charles Kiefer ainda ganhou em outras duas oportunidades, o escritor gaúcho também ministra aulas de escrita criativa e comanda oficinas literárias. Seu livro Dia de Matar Porco  faz jus à boa fama. Escrito em primeira pessoa, narra a "autobiografia" de Ariosto Ducchese, cidadão nascido no interior do Rio Grande do Sul que, cansado da roça, resolve se aventurar na vida. Torna-se advogado de sucesso e, no conforto de sua casa, passa a contar sua vida. Recorrendo à lembranças, Ariosto apresenta a dificuldade em transpor para o papel a sua existência. P...

"Flores da Ruína", Patrick Modiano

PASSEIO POR PARIS Cristian Luis Hruschka MODIANO, Patrick. Flores da Ruína. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2015, 143 páginas. Tradução: Maria de Fátima Oliva do Coutto. Muito conhecido na Europa, Patrick Modiano ganhou destaque no Brasil após ser laureado com o Nobel da Literatura de 2014. Como de costume, grandes editoras passaram a traduzi-lo e/ou reeditá-lo. Nascido em Paris (1945), é filho de um comerciante judeu e uma atriz belga. Autor de mais de trinta livros, merecem maior destaque aqueles que abordam a ocupação nazista na França (1940-1944), período conturbado da história mundial. O livro "Flores da Ruína", lançado em 2015 pela Ed. Record, integra a chamada "Trilogia Essencial", complementada pelos livros "Remissão da Pena" e "Primavera de Cão", também publicados pela Record. Podem, porém, ser lidos de maneira isolada. A escrita de Modiano é realmente de muita qualidade, com passagens poéticas e bem construídas. Contudo, nã...

"Jeito de Matar Lagartas", Antônio Carlos Viana

ACIDEZ PARA A MATURIDADE Cristian Luis Hruschka VIANA, Antônio Carlos. Jeito de Matar Lagartas, Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2015, 168 páginas. O gênero conto está retornando ao gosto da leitura dos brasileiros. Esquecido por alguns anos, o País penou nesse campo literário, com poucos autores de qualidade. Entre eles está o sergipano Antônio Carlos Viana, autor de "Jeito de Matar Lagartas", lançado em 2015 pela Companhia das Letras. Famoso pelos seus livros anteriores, em especial "Cine Privê" (2009) e "Aberto está o Inferno" (2004), o escritor representa o que há de melhor no conto literário nacional. Com linguagem objetiva, frases bem construídas e o uso apurado das palavras, utilizadas de maneira precisa, sem carregar o texto, a leitura se torna rápida e prazerosa. Estes são, aliás, os objetivos dos contistas, que procuram reunir num texto reduzido elementos como introdução, por meio da apresentação dos personagens, tempo e lugar, desen...

"F", Antônio Xerxenesky

A ARTE DA MORTE Cristian Luis Hruschka XERXENESKY, Antônio. F. Rio de Janeiro: Rocco, 2014, 240 pág. Nascido na capital gaúcha em 1984, Antônio Xerxenesky é uma das grandes apostas da literatura brasileira. Morando em São Paulo desenvolve a atividade de escritor e tradutor, possuindo contos publicados em diversos países. Seu livro mais recente é "F", lançado em 2014. Ambientando na década de 80, faz diversas referências à cultura pop do período, situando a trama dentro do contexto político vivido pelo Brasil naquele momento. Ana, personagem principal, está com 25 anos quando narra a sua história. Seu pai, homem duro, de poucas palavras, que visitava o quarto da irmã mais nova durante as noites, era colaborador do regime militar. Morreu em decorrência de uma queda no chuveiro, bateu a cabeça: "Às vezes achamos que nossa cabeça é forte e resistente, pois ela guarda o cérebro e o peso insustentável da infinidade dos nossos pensamentos. Mas a cabeça é uma parte do co...