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"A Tolerância Nossa de Cada Dia", Cristian Luis Hruschka (artigo)

A TOLERÂNCIA NOSSA DE CADA DIA

Cristian Luis Hruschka

 

Vivemos tempos complexos!

 

Com o avanço da tecnologia e a facilidade de comunicação entre as pessoas, a cada dia nos deparamos com mais exemplos de raiva, ódio e desprezo.

 

A internet é campo vasto para a proliferação de práticas racistas e discriminatórias, porém, poucos assumem essas posições radicais por medo das consequências, ou seja, estamos sempre diante do famoso “veja bem”, do “sem querer ofender”, ou “desculpe se estou machucando alguém, não é minha intenção”.

 

Fato é, porém, que apesar de todos falarem muito nela, poucos a praticam: TOLERÂNCIA!

 

Diante da facilidade de expor todo e qualquer tipo de posicionamento (filosófico, étnico, científico, religioso, sexual, político, alimentar, etc.) a desculpa serve de escudo para a intolerância. Ferir alguém sob essa simplória justificativa está se tornando cada vez mais comum, ainda que para o ofendido tenham resultado fraturas que somente o tempo irá calcificar.

 

Segundo o dicionário Priberam, tolerância, entre outros significados, representa a  "aceitação daquilo que não se quer ou não se pode impedir” e, ainda, a “disposição para ouvir ou aceitar ideias, opiniões ou atitudes diferente ou opostas às próprias”.

 

O conceito parece bastante simples, porém, sua aplicação está desvirtuada e prostituída, afinal, como temos visto nos dias de hoje, "se você não concorda com a minha opinião posso concluir que você é contra o que digo".

 

Esse silogismo é a mais pura demonstração de intolerância!

 

Ora, o fato de você não aceitar a vacina contra o famigerado coronavírus, por exemplo, não o torna um negacionista por completo, salvo na visão turva dos intolerantes. Por outro lado, aceitar a vacina não o torna um defensor absoluto da ciência, mas alguém que vislumbra nos métodos científicos uma segurança maior para a cura da enfermidade.

 

O que devemos ponderar é que tolerância não significa concordar com isso ou aquilo, mas sim compreender que uma posição pode ser melhor ou mais convincente que outra, porém, não é a única correta e isenta de equívocos.

 

Em outras palavras, ser tolerante significa acreditar naquilo que melhor se encaixa com suas crenças e posicionamentos, porém, jamais pode significar que o ponto de vista contrário está completamente errado e mais equivocado e, portanto, ignorante, é aquele que o sustenta.

 

A tolerância é uma virtude e como tal deve ser exercida, dentro do campo do respeito, da compaixão e da visão racional pela discussão saudável e civilizada.

 

Nesse sentido é a frase de Evelyn Beatrice Hall, atribuída à Voltaire em decorrência da biografia que a autora inglesa escreveu sobre o filósofo francês: “Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”.

 

Apesar da obra de Voltaire relacionar-se mais com a liberdade de expressão do homem, a frase acima enaltece a tolerância, pois, posso não concordar com o seu ponto de vista, contudo, o respeito e por esse motivo não tenho você por inimigo ou adversário, mas alguém que permitirá a oportunidade de ampliar o debate do tema para a elevação do conhecimento.

 

Voltaire (1694/1778) foi um pensador que se dedicou a combater a intolerância religiosa e de opinião que grassou a Europa no fim do século XVII e durante o século XVIII, defendendo sempre o direito à liberdade de pensamento e, nessa condição, é considerado um dos precursores do liberalismo. Entre suas obras está “Tratado sobre a Tolerância”, de 1763, onde abordou a execução de Jean Calas, um jovem filho de família protestante que se converteu ao catolicismo.

 

Outro filósofo importante que escreveu sobre tolerância, ainda que não fosse muito tolerante com algumas questões, sendo defensor, por exemplo, da escravidão, foi o inglês John Locke (1632/1704).

 

Defensor do chamado “estado-natureza”, onde os homens nascem com direito à vida, à liberdade e à propriedade, suas ideias influenciaram as Revoluções Inglesa, Americana e o início da Revolução Francesa, onde os governos deviam existir para proteger esses direitos.

 

Assim como Voltaire, Locke lutou contra os mandos e desmandos do absolutismo, combatendo a intolerância religiosa e com isso traçando linhas para a democracia moderna.

 

É seu o livro “Cartas sobre a Tolerância” (1689/1692), onde, entre outras premissas, sustenta que a unicidade religiosa é muito mais perigosa e prejudicial para os direitos sociais do que a diversidade de pensamento.

 

A tolerância, portanto, nos acompanha durante todo o processo civilizatório, devendo, contudo, ser melhorada e não utilizada como desculpa para esconder propósitos equivocados, um faz de conta onde o sujeito prepotente e fechado à evolução diz respeitar (quando respeita!) o ponto de vista contrário apenas para não ser taxado de intransigente. A tolerância jamais pode esconder o preconceito e a dominação, pois, como dito, é uma virtude a ser desenvolvida pelo homem evoluído.

 

O exercício da tolerância é diário e constante, estando intrinsicamente ligado à natureza do ser humano que, segundo a linha de pensamento de Rosseau (1712/1778), define o homem como sociável antes mesmo de se socializar.

 

O escritor holandês Rutger Bregman no livro “Humanidade: Uma História Otimista do Homem” (Ed. Planeta, 2021), ao sustentar que o homem é bom por natureza e, portanto, tolerante, assim versa:

 

“Se nós acreditamos que a maioria das pessoas não é confiável, será assim que trataremos uns aos outros, para prejuízo de todos. Poucas ideias têm tanto poder de moldar o mundo quanto a maneira como vemos os outros. Porque, em última análise, se obtém o que já era esperado. Se quisermos enfrentar os maiores desafios atuais – desde a crise climática até a nossa desconfiança cada vez maior dos outros –, precisamos começar pela visão que temos da natureza humana”.

 

Infelizmente o homem perdeu a confiança no seu semelhante e com a enormidade de informações que recebe em seu universo privado (e-mail, whatsapp, facebook, instagram, twitter, etc.), forma convicções favoráveis ao seu ponto de vista e por diversas vezes acaba se encastelando na própria ignorância, não aceitando opiniões divergentes (intolerantes!), vivendo na sua adequada caverna, a exemplo do que já relatou Platão (428/346 a.C.) no Livro VII da obra A República (370 a.C.).

 

Ser tolerante, compreender a posição do outro ainda que não concordando com ela, contudo, não significa dar carta branca para posicionamentos que atentem às demais qualidades humanas, que abarquem princípios prejudiciais à própria existência das pessoas e que fomentem o mal, a ignorância, a destruição e o obscurantismo.

 

Tolerância não pode ser confundida com preguiça ou submissão. Não há espaço para o “ele está errado, mas não vou discutir. Paciência!”.

 

Não, não podemos deixar simplesmente que a irracionalidade possa subjugar as virtudes. Ainda que nosso semelhante não seja tolerante, o respeito mútuo e a liberdade para que cada um possa se expressar livremente devem prevalecer.

 

Aceitar calado significa concordar com o ponto de vista adverso, correndo o risco de ver prosperar a iniquidade, a estupidez e a brutalidade física e de opinião.

 

Ser tolerante não representa abrir mão de suas convicções, mas de respeitar aquelas do nosso semelhante, contrapondo-as com argumentos e de maneira respeitosa, compreendendo as justificativas contrárias e sopesando suas razões para, no final, reforçar ou rever o próprio ponto de vista.

 

Para o escritor D. A. Carson, que entende que a noção de tolerância está sofrendo mutações,

 

“aceitar a existência de uma posição diferente ou oposta ao seu direito de existir é uma coisa, mas aceitar a posição em si significa que a pessoa não mais se opõe a ela. A nova tolerância sugere que aceitar a posição do outro significa crer que essa posição seja verdadeira ou, pelo menos, tão verdadeira quanto sua própria. Mudamos de permitir a livre expressão de opiniões contrárias para aceitas todas as opiniões; saltamos da permissão da articulação de crenças e argumentos dos quais discordamos para a afirmação de que todas as crenças e todos os argumentos são igualmente válidos. Assim, passamos da antiga para a nova tolerância” (in “A Intolerância da Tolerância”, Cultura Cristã, 2013).

 

Compreender a opinião do semelhante não significa acolher suas condições e pressupostos. A tolerância sempre permitirá o diálogo e a troca de ideias. Um mundo civilizado é um mundo de compreensão, que, porém, não deixar predominar a ignorância. A tolerância, portanto, nas suas mais amplas formas, deve ser praticada e refinada a cada oportunidade. É uma das mais belas qualidades da humanidade.

 

Cristian Luis Hruschka é advogado e professor. Autor do livro "Na Linha da Loucura", Ed. Legere, 2014.

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