
MEYER, Michael, 1989: O ANO QUE MUDOU O MUNDO: a verdadeira história da queda do muro de Berlim, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009, 247 pág., tradução de Pedro Maia Soares.
No final de 2011 estive com minha esposa, Patrícia, em Berlim, capital da Alemanha. Ficamos na parte oriental, anteriormente ocupada pelos soviéticos e que ainda guarda muitas lembranças daquele período. Essa proximidade com a história me despertou o interesse, já aguçado, de conhecer as razões e motivos da queda do comunismo na Europa Oriental.
Com o término da Segunda Guerra Mundial a cidade de Berlim estava praticamente destruída. Prédios históricos, igrejas e monumentos devastados, existindo até hoje marcas desse conflito que tanto chocou o mundo. A queda do Reich, por sua vez, causou a divisão da capital alemã, sendo que a metade oriental ficou com os soviéticos, que haviam devastado Berlim vindo de Moscou, e a outra metade (ocidental) foi dividida entre os países aliados, Estados Unidos, Inglaterra e França. Como existiam regimes de governo distintos, os soviéticos entenderam por bem isolar a parte ocidental de Berlim, erguendo o muro em 1961 e com isso fomentando de maneira definitiva a “guerra fria” que se iniciava.
É a partir dessa fase histórica que Michael Meyer busca explicar as razões da queda do muro em Berlim, que culminou com a derrocada quase total do regime soviético nos países da Europa Oriental.
O livro aborda a importância de países como a Hungria, que “abriu um buraco na Cortina de Ferro” e foi a primeira a escancarar suas fronteiras com a Áustria para aqueles que assim quisessem fossem conhecer o modo de vida de um país da Europa Ocidental, onde os cidadãos não sofriam com a escassez de produtos básicos (bananas eram artigos de luxo), tampouco eram vigiados, monitorados, censurados, ou estavam submetidos ao comando de um líder como Erich Honecker, soberano da República Democrática da Alemanha.
Em outros capítulos o autor versa sobre a Polônia, Lech Walesa e o Solidariedade. Aborda sobre a Romênia, último país a manter o regime sob a mão firme do violento Ceaucescu e explica o importante papel de Václav Havel para a libertação da Tchecoslováquia do jugo soviético na conhecida “Revolução de Veludo”.
Não podemos esquecer, ainda, do papel importante de Mikhail Gorbatchov. Para o autor ele foi “a causa primeira que pôs todo o resto em movimento. Sem ele, a história da Europa Oriental e o fim do comunismo teriam sido totalmente diferentes. Sua recompensa pelos serviços prestados à humanidade foi ser despedido sem cerimônia, depois de uma tentativa de golpe, quando a própria União Soviética entrou em colapso, em 1991. Mas concederam-lhe o prêmio Nobel da Paz em 1990” (pág. 204).
Paralelo a todo esse turbilhão de acontecimentos os alemães de Berlim oriental iam se movimentando silenciosamente, observando os eventos e insuflando-se de forma gradativa contra o poder dominante. Quando, em 9 de novembro de 1989 o muro de Berlim caiu, praticamente não houve resistência da polícia e do Exército. A manifestação foi pacífica, televisionada e acompanhada por todo o mundo:
“A multidão soltou um grande rugido enquanto avançava. De repente não havia mais Muro de Berlim. ‘Die Mauer ist weck’, gritavam as pessoas enquanto celebravam do alto do Muro, diante das câmeras, ao longo da noite. ‘O Muro acabou!’
Naquele momento, a história sofreu uma reviravolta épica. Uma fronteira que durante cinco décadas dividia o Leste do Oeste foi rompida. Era como se, num piscar de olhos, o Muro de Berlim tivesse caído. A Guerra Fria acabara. De repente os alemães eram de novo alemães. Berlinenses eram berlinenses, não havia mais ‘oriental’ nem ‘ocidental’” (pág. 19).
Michael Meyer narra toda a queda do comunismo na Europa Oriental com minúcia de detalhes, com a pena fina de quem esteve no local dos acontecimentos, de quem acompanhou e manteve contato com líderes do movimento durante os períodos mais dramáticos. Excelente leitura para aquelas que pretendem conhecer um pouco da recente história mundial.
Adorei o post, e por isso queria me inscrewver no blog pára ter mais novidades, mas não sei onde me inscrevo. Que pena!
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